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Paralamas do Sucesso festeja em festival carioca os 40 anos do álbum que alicerçou a carreira do trio em 1984

Produzido com som mais fiel à pegada do grupo, o disco 'O passo do Lui' permanece relevante por conta de músicas como ‘Óculos’, ‘Meu erro’ e ‘Ska’.
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  • Publicação: 23/02/2024 22:48
  • Autor: Por Mauro Ferreira

♪ MEMÓRIA – A programação da segunda edição do festival Doce Maravilha – orquestrada com curadoria de Nelson Motta (como na edição anterior) e agendada para 25 e 26 de maio no Jockey Club, no Rio de Janeiro (RJ) – inclui três shows calcados em efemérides de álbuns relevantes. Todos três programados para o domingo, 26 de maio, segundo e último dia do evento carioca.

Um dos shows arredonda data para forjar efeméride com o intuito de celebrar os “25 anos” do álbum ao vivo Capital Inicial Acústico MTV, gravado e lançado pela banda brasiliense em 2000, ou seja, há 24 anos.

Outro show comemora os (reais) 30 anos do primeiro álbum de Chico Science & Nação Zumbi, Da lama ao caos (1994), pedra fundamental do movimento pernambucano Mangue Beat, sendo que a Nação se juntará com a cirandeira Lia de Itamaracá na apresentação do festival.

Já o terceiro show festeja os 40 anos do segundo álbum da banda carioca Os Paralamas do SucessoO passo do Lui, lançado em setembro de 1984 com 10 músicas inéditas, sendo nove de autoria de Herbert Vianna.

A exceção era o reggae Assaltaram a gramática, parceria inusitada de Lulu Santos – então já no posto de popstar nacional – com o letrista e poeta Waly Salomão (1943 – 2003).

O passo do Lui foi o disco que alicerçou o som e a carreira do trio formado por Herbert Vianna (voz e guitarra), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria). O grupo vinha de um primeiro álbum de relativo sucesso, Cinema mudo, lançado em 1983 com um sucesso radiofônico, Vital e sua moto (Herbert Vianna). Só que Cinema Mudo era disco sem a pegada do poderoso trio.

Escalado pela diretoria da gravadora EMI-Odeon para fazer a produção musical do disco, Marcelo Sussekind errou a mão ao gerar o som de Cinema mudo com firulas e sem dar a devida ênfase ao potente toque do trio. Tanto que, decepcionada como resultado do álbum, a banda decidiu que, dali para frente, tudo ia ser diferente. E foi!

Mesmo sem autonomia para limar Sussekind da produção musical do álbum O passo do Lui, a banda atuou como coprodutora do disco e garantiu som mais fiel à energia que já vinha mostrando nos shows e que eletrizaria o público do primeiro Rock in Rio em 13 e 16 de janeiro de 1985, em duas consagradoras apresentações que selaram o futuro glorioso d’Os Paralamas do Sucesso.

Quando o trio se apresentou no festival, o álbum O passo do Lui já tinha música estourada nas rádios, Óculos, rock de espírito jovial que evidenciou na gravação a pulsação vibrante da bateria de João Barone, marca registrada do som do grupo. Óculos abriu o lado A do LP, formato preferencial da edição original do álbum O passo do Lui, também lançado em fita cassete.

Na sequência do disco, veio Meu erro, música apresentada na batida do rock e recriada cinco anos depois por Zizi Possi em acertada gravação para o álbum Estrebucha baby (1989) que amplificou o sentido da letra da canção.

A vocação de Herbert Vianna para compor baladas românticas ficaria mais clara no disco em faixas como Romance ideal, canção feita em parceria com Martim Cardoso e alocada no lado A entre dois skas, Fui eu e o hit Ska, faixas que contribuíram para que, na época, a banda ainda fosse percebida (exageradamente) como um The Police à moda brasileira – fantasma que somente seria afastado com o terceiro álbum, Selvagem? (1986), blockbuster que delineou a identidade definitiva d’Os Paralamas do Sucesso.

Na abertura do lado B do LP O passo do LuiMensagem de amor soou – a exemplo da já citada Meu erro – como canção de amor envolvida em aura roqueira. Me liga prosseguiu na seara das baladas pop românticas, mas com gravação mais afinada com o clima amoroso da canção.

O disco fecha com duas músicas que permaneceram obscuras ao longo desses 40 anos, o reggae Menino e menina e o ska O passo do Lui, tema instrumental que batizou o álbum.

Lui, a propósito, era o apelido de Luiz Antônio Alves, dançarino brasiliense de ska de quem os integrantes d’Os Paralamas do Sucesso haviam se tornando amigos em Brasília (DF), cidade frequentada pela banda no período pré-fama.

É Lui quem aparece na foto da capa criada por Ricardo Leite para esse álbum em que o trio Os Paralamas do Sucesso deu passo decisivo para se consolidar como uma das bandas mais potentes do primeiro escalão do rock brasileiro. E, por isso mesmo, haverá muito o que festejar em 26 de maio na apresentação do grupo na segunda edição do festival Doce Maravilha.