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Criação do Dia da Música Gospel é um agrado de Lula à bancada evangélica que reflete a força crescente do gênero

  • Categoria: Noticias
  • Publicação: 16/10/2024 00:08
  • Autor: Por Mauro Ferreira

 A sanção pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva da lei que estabelece a data de 9 de junho como o Dia da Música Gospel – ato feito em cerimônia no Palácio do Planalto na tarde de hoje, 15 de junho – é, do ponto de vista político, um agrado de Lula à bancada evangélica do Congresso Nacional.

Sob o prisma musical, a criação do Dia da Música Gospel reflete a força crescente de um gênero que há décadas mobiliza grande parte da população do Brasil, embora não apareça nos rankings anuais das plataformas de streaming.

Música gospel é o nome dado nos Estados Unidos às composições feitas para expressar a crença cristã. Nos EUA, o gospel é uma das matrizes da música negra norte-americana. No Brasil, o rótulo abarca sobretudo a música cristã propagada nas igrejas evangélicas.

Por questão política e social, essa música gera comentários inflamados de quem é refratário à ideologia dessas igrejas e dos pastores evangélicos.

Feito antes do número, o comentário em que o cantor festeja a expansão da população de crença evangélica (“O fato de o número de evangélicos crescer enormemente no Brasil tem uma enorme importância para mim”) geralmente provoca silêncio, espanto e/ou indignação na plateia.

É que a polarização política do Brasil fomenta a intolerância religiosa. Evangélicos costumam ser refratários a temas que louvam os orixás das religiões de matrizes afro-brasileiras. Em contrapartida, parte do público não evangélico rejeita os louvores como o cantado por Caetano no show.

O ato do presidente Lula ao criar o Dia da Música Gospel – sancionando o projeto de lei criado pelo deputado federal Raimundo dos Santos (PSD-PA), cantor e sanfoneiro de música gospel – deverá fomentar ainda mais a intolerância musical religiosa.

Mas o fato é que, assim como as religiões, os gostos musicais alheios devem ser respeitados, sejam ou não religiosos, em nome da paz e da democracia, inclusive da democracia musical.